O SONO, A MENOPAUSA E OS PROBLEMAS CARDIOVASCULARES - PARTE 3
A fragmentação do sono durante a menopausa pode impactar negativamente a saúde cardiovascular das mulheres. Estudos indicam que a fragmentação do sono está associada a disfunções autonômicas e aumento da reatividade neural simpática, o que pode contribuir para o risco cardiovascular.
A fragmentação do sono pode perturbar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a alterações nos níveis de cortisol, que são conhecidos por influenciar o risco cardiometabólico. O aumento do cortisol na hora de dormir e a diminuição da resposta de despertar do cortisol após a fragmentação do sono podem indicar uma disfunção do eixo hipotálamo-hipofisário adrenal potencialmente aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, a fragmentação do sono está associada a uma maior reatividade simpática durante testes de estresse, como o teste do frio, em mulheres pós-menopáusicas com distúrbios do sono. Essa reatividade simpática aumentada pode predispor a hipertensão e outros riscos cardiovasculares.
Portanto, a fragmentação do sono durante a menopausa pode exacerbar o risco cardiovascular através de mecanismos que envolvem disfunção autonômica e perturbação do eixo hipotálamo-hipofisário adrenal, destacando a importância de estratégias de manejo eficazes para melhorar a qualidade do sono e mitigar esses riscos.

Para diminuir os riscos cardiovasculares relacionados à fragmentação do sono em mulheres na menopausa, várias estratégias não hormonais podem ser eficazes:
- Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia: É recomendada como tratamento de primeira linha para insônia em mulheres na menopausa porque melhora significativamente a qualidade do sono e reduz a insônia, o que pode ter efeitos benéficos na saúde cardiovascular ao reduzir a ativação simpática e melhorar a função autonômica.
- Exercício Físico: A prática regular de exercícios aeróbicos e de resistência pode melhorar a qualidade do sono e reduzir a fragmentação do sono. O exercício físico também tem benefícios diretos na saúde cardiovascular, incluindo a redução da pressão arterial e a melhora da função endotelial.
- Técnicas de Mindfulness e Relaxamento: Técnicas como meditação e yoga são eficazes na redução do estresse e na melhoria da qualidade do sono. A redução do estresse pode diminuir a ativação simpática e melhorar a variabilidade da frequência cardíaca, contribuindo para uma melhor saúde cardiovascular.
- Melatonina: A melatonina de liberação prolongada é recomendada para mulheres com 55 anos ou mais devido à sua boa tolerabilidade e eficácia na melhoria dos parâmetros de sono e vigília. A melatonina pode ajudar a regular os ritmos circadianos e melhorar a qualidade do sono, o que pode ter efeitos benéficos na saúde cardiovascular.

Essas estratégias não hormonais são eficazes na melhoria da qualidade do sono e podem ajudar a mitigar os riscos cardiovasculares associados à fragmentação do sono em mulheres na menopausa.
A atividade física regular tem um impacto positivo significativo na saúde cardiovascular de mulheres na menopausa que experimentam sono fragmentado, podendo inclusive contrabalançar os efeitos negativos da perda de estrogênio na saúde cardiovascular durante a menopausa. A atividade física melhora a função endotelial, reduz a pressão arterial e diminui a inflamação vascular, todos fatores que contribuem para a saúde cardiovascular.
Além disso, a atividade física regular está associada a uma menor quantidade de tempo sedentário, o que também está relacionado a uma melhor qualidade do sono e a uma redução dos riscos cardiovasculares. Mulheres que praticam atividade física regularmente apresentam menor incidência de hipertensão, melhor perfil lipídico e menor risco de doenças cardiovasculares.
A prática de exercícios físicos, como caminhada, yoga e exercícios de resistência, mostrou melhorar a qualidade do sono e reduzir a severidade da insônia em mulheres na menopausa, o que pode ter um efeito protetor adicional na saúde cardiovascular.
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